Enquanto acertamos as tracks para que soem perfeitamente encaixadas na produção, ou ao iniciar a mixagem, o último artifício que vem em mente é usar um microfone. Existem sim bons motivos para reconsiderar montar seu set de microfones favoritos e usá-los a favor do seu som mesmo na pós produção, quando plugins ou hardwares não te trazem o resultado desejado. Listamos algumas a seguir!
1 – Adicionar vida e realismo
Instrumentos virtuais e sampleados podem implorar por mais naturalidade dependendo da produção. Uma ideia é captar em mono ou estéreo seu som tocado por monitores via microfonação, adicionando em maior ou menor proporção o som da sua sala. Use a seu favor a imperfeição da realidade, de uma sala, e ainda a coloração de seu microfone e preamp. Teste misturar esta nova captação com a track original, movendo-a delicadamente de forma a assegurar uma boa relação de fase entre ambas.
2 – Regra da complementaridade
Existe uma regra de ouro, creditada ao engenheiro Shelly Yakus, que diz que se a voz do vocalista é demasiadamente média, nasal ou forte de graves, deve-se usar um microfone que traga o oposto disso. Essa regra vale para nossa experimentação: tente captar um sintetizador ríspido com um SM57 ou um microfone de fita. Seja qual for o motivo para gravar uma track a partir de seus monitores, tenha em mente que esta complementaridade pode trazer uma coloração que leva sua produção adiante.
3 – Cor
Usar um microfone colorido ou não-linear em sua resposta de frequência pode ser uma ótima ferramenta tanto para mudar o espectro de uma track, quanto cor e atitude de partes do arranjo. Com um Copperphone da Placid audio, por exemplo, que é um microfone extremamente limitado em sua resposta, é possível obter o som de um broadcast dos anos 50, sendo ouvido a partir de um rádio antigo. Os microfones vintage podem fazer milagres, como é o caso do Green Bullet por exemplo, um clássico para sons de gaita no blues. Outra possibilidade é usar a combinação de um falante lo-fi com um microfone high fidelity.
4 – Reverb
Faça suas emendas de cabo e posicione seu monitor numa sala reverberante, ou escadas, sala de estar grandes, banheiros. Pode ainda captar o som de fora da sua sala de mixagem com a porta aberta. É uma boa forma de comparar reverbs naturais com os algoritmos de plugins. Não tenha receio em processar sua sala gravada com equalização e compressão pesadas, o próprio ajuste de dinâmica pode aumentar o tamanho da sua dela. A mistura com reverb artificial também pode ficar agradável.
5 – Efeitos Especiais
Que tal criar o efeitos dos falantes Leslie? Um microfone pequeno direcional é o melhor pra isso, segurando seu cabo e girando-o acima da sua cabeça, na linha do falante.
Outra coisa que você pode fazer é usar um microfone que soe lo-fi e mandar direto pra um delay sem o “dry” tocando junto. Desta forma você terá o “dry” tocando no canal original e terá um delay único e crocante.
Traduzido do site theproaudiofiles.com
Foto da capa por André Franzon