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sábado , 5 outubro 2024

Por que Equalizar? Parte 1


Equalizar !! Todo som gravado é equalizado. Quando você grava uma voz com um microfone, passa por um preamp e toca através de falantes, já tem um som que foi equalizado seis, sete vezes, mesmo sem passar por equalizadores.


As variáveis :

  • A forma com que o vocalista modela a boca, garganta e diafragma vão moldar a curva de frequência da voz.
  • A resposta da sala irá afetar a forma com que os sons são percebidos.
  • O microfone, estruturalmente, cava ou acentua certas frequências, assim como o preamp.
  • Os falantes não serão perfeitamente flat (apesar de alguns serem próximos disso), e a sala onde o playback ocorre irá também afetar a forma com que o som é ouvido.
  • Você enquanto engenheiro tem um cérebro único que interpreta toda a informação – alguns de nós são mais sensíveis ao high end, outros mais sensíveis ao low end.
  • Compressão? Sim, também afeta o timbre.


Basicamente, todo o som tem suas características. A questão que realmente contorna a equalização é: os timbres estão funcionando? EQ é, então, a modelagem do timbre.


Processamento Desnecessário


Tenho a impressão de que mesmo a fonte sonora tendo sido equalizada diversas vezes, as pessoas automaticamente buscam outra EQ. A tentação pode vir do anseio do engenheiro de tornar o som seu: há certo orgulho em se reconhecer alguém pela manipulação sonora. Devo enfatizar que este mindset é, no final das contas, danoso – a inquietação e o orgulho deveriam estar concentrados na tomada de decisões necessárias, e não em equalizar pelo bem da equalização.


Por que então equalizar?

Mascaramento


Este é o conceito favorito de todo engenheiro: mascaramento.


Ele ocorre quando a coloração (tone) de um instrumento oculta a audibilidade de outro.


Enquanto engenheiros nós comumente confundimos mascaramento como sendo “ruim”. Gostaria de colocar a ideia de que mascaramento é apenas uma noção, e contexto irá nos dizer se bom ou ruim.


O que é mascaramento para alguns é sobreposição de camadas para outros. Um denso preenchimento sonoro pode ser um wall of sound. Em uma orquestra, os instrumentos colidem propositalmente de forma a criar um mar de sonoridades (quando feito harmoniosamente), ou também caos e tensão.


Às vezes, um som que mascara outros pode na verdade acabar gerando energia adicional na faixa espectral do elemento que seria mascarado, se o nível for determinado com cautela.


Por exemplo, um chimbal irá seguramente mascarar o high end de um vocal se seu volume estiver acentuado. Você não aumentaria seu volume e então aplicaria equalização para amenizar agudos (bom, você até pode, mas provavelmente não o faria), porque o resultado seria um chimbal escuro e evidente. Ao invés disso, pode mixar o chimbal com volume o suficiente para que não invada a presença do vocal, e sim elevar a energia por trás deste domínio.


O mascaramento torna-se de fato uma questão problemática quando dois elementos de igual importância dividem uma mesma região de frequência. Remover a menor quantidade possível de informação em um deles resultará num som mais cheio, podendo ser preferível do que uma sonoridade mais aberta feita a partir de um corte mais intenso.

Ressonância e remoção de sobras


O vocalista pode ter gravado próximo demais do microfone. A sala pode ter um ring inconveniente. A caixa da bateria pode não ter passado por nenhum processo de afinação ou de tratamento. Todas estas circunstâncias podem levar a ressonâncias indesejadas ou sobra de frequências.


Reiterando que estes fenômenos não são necessariamente ruins. Um sintetizador de ondas senoidais é basicamente uma ressonância que caminha ao longo do espectro, e é este o som que caracterizou West Coast Hip Hop no início da década de 90.


O efeito proximidade também pode ser um truque útil para adicionar um pouco de peso em uma fonte sonora magra. Por isso, escolha bem o que não usar.


No geral, se há ressonância ou efeito proximidade indesejados, alguma porção do material vai soar nebulosa ou estralada – e com um sistema decente de monitoração será fácil detectar. Impressões como “claridade” e “densidade” são úteis quando se adiciona ou subtrai tais qualidades do som.

Destacando ou suprimindo regiões do som


Esta é a área cinza para engenheiros. Há milhares de formas de se destacar ou suprimir, e qual decisão tomar se torna negociável. O que torna um som “bom” ou “ruim” é somente o ouvido do receptor.

Continua no próximo post com dicas de equalização

Artigo traduzido do site theproaudiofiles.com por Matthew Weiss

Sobre Flávia Fontolan

Flávia Fontolan - Colaboradora da cidade de Sorocaba formada em Produção Fonográfica pela FATEC Tatuí. Atuante nas áreas de captação, mixagem e sonorização.

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