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segunda-feira , 18 março 2024

Usando Attack e Release no compressor

Não ser “Maria vai com as outras” é uma regra de ouro do áudio. O proponente a engenheiro/produtor precisa desenvolver sua capacidade de raciocinar soluções para as situações que encontra no dia a dia. Não basta seguir receitas que viu numa vídeo aula, ou copiar ferramentas porque o produtor x as utiliza.

Ao longo da minha caminhada com didática de produção, percebo as confusões que são feitas em relação ao tema compressão. Por isso, resolvi iniciar minha coluna no Audio Reporter, propondo uma abordagem bastante prática e útil para quem ainda está se enrolando com compressores. Basicamente, faremos uma breve análise de possíveis combinações de Attack e Release, num uso track à track.

 

1 – Attack lento + Release lento

Attack lento mantém o volume original do momento inicial das notas, preservando sua pegada, enquanto que o retorno mais gradativo da amostra ao seu volume original, causada por Release mais lento, mantém uma atuação mais discreta, suave e musical para o compressor. Esse é o efeito criado por compressores menos reativos, como os ópticos LA2A, ou ainda, alguns valvulados como os Altec 436.

la2a
LA2a
Altec 436

 

 

 

Pela lógica, esse tipo de compressão funciona bem para tracks de notas mais longas, com picos menos pronunciados e variações de volume menos súbitas, como voz ou baixo, por exemplo. O uso desse tipo de compressão em transientes rápidos, como a bateria, pode ser problemático, principalmente em andamentos mais rápidos, uma vez que a primeira batida terá o pico preservado e demais picos serão afetados pela volta lenta do compressor.

 

2 – Attack lento + Release rápido

De acordo com o raciocínio acima, o Attack lento preserva o momento inicial do transiente, fazendo o compressor atuar na porção seguinte, aumentando ainda mais a distância entre o pico e o “chão” da amostra, o que causa um efeito de destaque do impacto. Já o Release mais rápido, permite que o compressor se desative mais agilmente, ficando pronto para repetir a mesma atuação no transiente seguinte. o que faz desse tipo de compressão ideal para uma sequência próximas de transientes rápidos, como uma caixa ou bumbo de bateria. Esta compressão traz impacto, firmeza e punch para a amostra.

Vale lembrar, que esse tipo de compressão também pode ser usada em outras tracks, como por exemplo, para destacar o caráter percussivo de um violão de aço tocando base, dentre outras.

 

3 – Attack rápido + Release rápido

Attacks rápidos se relacionam ao controle de picos. Existe uma série de possibilidades nesse sentido, desde um simples controle dinâmico, evitando os saltos súbitos de volume, até abordagens mais estéticas.
Compressões rápidas mais pronunciadas (com uma redução de ganho maior), associadas a Release rápido, podem criar efeitos interessantes, como por exemplo, destacar harmônicos menos audíveis de uma track de Room de bateria, aumentando a sensação de dimensão da sala.

 

4 – Attack rápido + Release lento

A combinação de attack rápido mais release lento, permitirá um controle de pico eficiente, com uma atuação mais discreta do compressor, por conta de sua volta gradativa. É uma proposta que se relaciona com a compactação dinâmica de uma track, para mais facilmente encaixá-la numa mix, por exemplo. Poderia ser usada também em voz, criando estabilidade dinâmica, não por controle de média (RMS), como na compressão lenta, mas por restrição dos picos. Um compressor clássico que atua nesse sentido é o Fairchild 670.

Fairchild 670

O assunto compressão é bastante extenso. Falamos aqui em alguma das utilizações track à track, mas você pode utilizar as mesmas combinações de Attack e Release em Buses ou na Mix como um todo e analisar como cada uma influencia no comportamento do seu material.

A dica final é ficar sempre atento às especificações de tempo desses parâmetros, que estão contidos nos manuais dos equipamentos e plugins, principalmente quando os Attacks e Release são fixos. Se quer entender mais sobre os conceitos de compressão ou uso de compressores clássicos, te convido a conhecer minha página de cursos . Um forte abraço e até a próxima.

 

 

Sobre Guilherme Cysne

Guilherme Cysne é artista, produtor musical e também trabalha com didática de áudio. Saiba mais em http://cysneproducoes.com.br/cursostutoriais/

6 comentários

  1. Muito bom amigo …com certeza ajuda MT suas aulas e observações…. Q continue escrevendo por aqui nos proporcionando alto teor de conhecimento.

  2. Incrível como eu já havia lido essa matéria meses atrás e agora eu que estou realmente intentando depois de estudar exaustivamente o assunto.

  3. Uma pergunta boba. Sei que existem muitos compressores e que a parametrização deles não é universal. Mas de maneira geral, se é que podemos escrever assim, a partir de quantos milisegundos eu sei que o RELEASE está lento ou rápido? Espero entenderem minha pergunta! rsrsrs UM ABRAÇO A TODOS!

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