Bom galera, de uma maneira diferente dos vídeos, optei por participar do “Por Dentro da Cena” via texto… Vou tentar dividir de maneira clara e rápida (sem querer ser o dono da verdade, porque ninguém é…) o que se passa no stage da Elektra Tour do RPM, ok?!
Como eu sempre digo, e são as palavras de ordem por aqui, faça o básico bem feito, pois o microfone é o primeiro que escuta e nada pode ser feito se ele não ouvir direito!!! … A roda já foi inventada, portanto se magia e invenções mirabolantes no stage fossem regra, o Prof. Pardal ou o Mister “M” seriam os maiores engenheiros de monitor do planeta.
Sempre quando inicio um trabalho com uma gig nova, primeiro quero saber o que a banda pretende na tour, como querem configurar o palco, a característica do álbum perto das mixes finais dos ears, etc… Coloco os artistas no palco, vou ouvindo sugestões e acrescentando outras, sempre com muito respeito ao gosto pessoal de cada um. Vamos partir do princípio de que se uma banda nos chamou, foi porque todos conhecem nossas características e assinatura pessoal, certo??? Não vamos jamais decepcioná-los…
A Concepção:
O trabalho de configuração da Elektra Tour foi muito tranquila, pois os caras da banda são bem experientes no stage e já passaram por todas as situações possíveis nos últimos 30 anos da banda… Não existiu “achismo” em nenhuma etapa dos ensaios ou nos primeiros (e todos os outros) shows…
Para tirar logo da frente essa história de monitor híbrido, ele pode ser sim… Sempre que sou questionado por usar ears e monitores nessa tour, eu sempre respondo que no caso de uma improvável pane geral do meu rack é só tirar os phones, alterar os faders das vias de caixas de -10 pra zero e continuar o show até o final… Simples assim!!! Fora aquela “sujadinha” saudável que vias de caixas dão no rock’n’roll… Hehehehehe!!! E não é só isso… Vou falar sobre cada uma das situações ears/monitores de chão que rolam no meu stage…
As mixes:
Logo nos primeiros papos com a banda, ficou bem clara a característica bem eletrônica do álbum “Elektra” e a viagem toda seria e cima do som desse trabalho, preservando a “cara RPM” dos clássicos dos outros álbuns. Yamaha PM5D e Allen & Heath iLive 112 foram as consoles definidas para essa tour”.
O Paulo Ricardo usa absolutamente tudo nos fones, os quais ele nunca tira do ouvido, com o espaço estéreo do stage extremamente respeitado e principalmente, com a voz mixada no meio da banda, sem aquele absurdo do volume da voz fazer parte de outro concerto, ou melhor, da banda estar no stage da casa de espetáculos da frente!!!… Rssss.
São basicamente três máquinas de efeitos na voz (vou me basear aqui na minha cena da Allen & Heath iLive 112); o SMR Hall 480, curto, com os predelays e early reflections trabalhados com muito cuidado, o 2 Tap Delay “costurando” a sonoridade da voz, cumprindo sua função “musical” em cada canção (na minha concepção delay é mais um instrumento do que um efeito!!!) e o ADT, que é uma ferramenta extremamente agradável na mix dos in-ears. A sensação de dobra de voz desse efeito eu jamais consegui de maneira tão clara e objetiva. Uma segunda unidade do ADT eu utilizo para algumas dobras de guitarras e solos de Hammond, por exemplo. O rock’n’roll agradece!!!… Não se esqueçam que ao alterar os níveis das reflexões do hall o de-esser “mode on”, é fundamental, ok???
Não utilizo mics de ambiência nesse show, pois tenho um de comunicação com o Paulo, entre o baixo e a bateria que fica aberto o tempo todo, e desempenha um papel interessante na mix final, dando um “plus” no vazamento geral. E pra finalizar, só a voz e os baixos abertos na mix de chão.
O Schiavon utiliza três mixes diferentes. Como temos muitas canções sincronizadas com telão, contagens, etc, ele utiliza apenas um lado dos fones (me perdoe Dra. Kátia Freire, mas é um caso diferenciado e com muito discernimento no volume do phone), apenas com as informações básicas…
Ele próprio mixa seus (7) teclados em um par de monitores estéreo e nos manda um L/R completo, ou seja, o que ele ouve na sua posição do palco é o que ele quer nas mixes… Essa mix não passa por mim, vai direto da mesa dele… Tínhamos algumas dúvidas se esse esquema de mix de teclados iria funcionar, mas acabamos adotando o procedimento definitivamente, logo após os primeiros shows.
Atrás do praticável, temos a terceira mix (essa é comigo), que é uma caixa só de monitor estrategicamente colocada com o resto da banda, grooves eletrônicos, bass, etc… Ficou bem interessante o resultado final dessa “bagunça organizada”!!!
A mix do Nando segue o mesmo princípio do Paulo, sem nenhum efeito dedicado, e também com um monitor de chão. Aquela brincadeira de timbrar a guitarra no ear com dois amps diferentes é o máximo que chegamos nessa via. Existe um momento acústico do show que um platezinho básico entra no violão, e só..
A bateria do Pagni recebe três mixes na mesa dele (click & L/R), o velho e bom sub com um monitor só em cima… Essas são as únicas mixes de chão que fogem da “regra -10” e ficam o tempo todo no volume “rocker”!!! O Gated Verb é muito importante nessas mixes, pois é uma característica de sonoridade da banda desde os anos 80, e de gosto pessoal do meu artista. Eu acabo distribuindo em todas as mixes de ears esse efeito, pois ele deixa tudo muito RPM!!!
A mix do Side, depende muito da situação… Acústica do local, modelo do equipamento, tamanho do stage, etc…
Utilizamos os Shure PSM 900 (PSM 600 na reserva) no rack, Westone & Xtreme Ears no Paulo, Shure no Schiavon, Xtreme Ears no Nando e Yamaha no Pagni… Ops… Eu mixo com Xtreme X5/PRO e X3/PRO…
Para fechar nosso papo, em todas as mixes dos ears utilizo um MultiBD4 Compressor, o qual eu chamo carinhosamente de “melhor amigo do in-ear”!!!…
galeria de fotos:
É mais ou menos isso… Um “barulho” bem divertido!!!…
Por favor, dúvidas, mail pra [email protected] ok???
Abraços… Let’s mix music!!!
(Photos by Sandra Carrillo & Arquivo Pessoal)