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sábado , 27 julho 2024

Otimização de Sistemas de Sonorização – Parte 2

Continuamos o post anterior com a seguinte pergunta: Qual é a curva básica que se busca durante o alinhamento do sistema e a que se mede durante o show ?

 

O Ruído Rosa

Durante o alinhamento do sistema utilizamos sinais conhecidos para facilitar as interpretações. Um dos sinais mais utilizados é o ruído rosa(pink noise). Este sinal é muito utilizado por que, alem de ser bem conhecido, é um sinal plano. A

partir de um sinal plano é fácil entender as variações que ocorrem neste sinal. Se utilizássemos um sinal complexo seria muito mais difícil a interpretação dos sinais medidos.

O ruído rosa apresenta a mesma energia por oitava em todo o espectro de áudio. Claro que pode-se alinhar um sistema usando diversos sinais até mesmo música mas esta música precisa ter amplo espectro sonoro, senão parte deste espectro não poderá ser analisado.

Um dos resultados que se busca no alinhamento de um sistema é uma curva, relativamente, plana em todo o espectro. Sempre priorizando a redução dos picos das frequências e não o aumento do nível dos vales. Porem durante a utilização do sistema (durante o show), já na mixagem, deve-se buscar como resultado umas das curvas de audibilidade de Flatcher & Munson (1933) ou mesmo as revisadas por Robinson & Dadson (1956) ou Yôiti Suzuki (1983). Estou considerando um programa musical com ampla resposta em frequência. Não faz sentido buscar elevados níveis de pressão sonora nos subgraves para uma apresentação de voz e violão.

O interessante é que dois sistemas com curvas de resposta em frequência parecidas não apresentam a mesma sonoridade. Observo que os fabricantes de bons sistemas trabalham mais no desenvolvimento dos transdutores e menos nos ajustes eletrônicos. Uma das variáveis no resultado é o timbre.

 

Diretividade

A diretividade de um sistema é outro fator muito relevante. São poucos os sistemas de vertical array que apresentam controle de diretividade em frequências mais baixas. Cada faixa de frequências apresenta um diagrama polar distinto. Assim sendo, pode-se prever que ao aumentar o número de elementos em um arranjo haverá maior ganho em determinas frequências e menor em outras. Os graves tendem a ter dispersão quase omnidirecional e os agudos, em função dos guias de ondas, são muito diretivos. Um arranjo com estas características apresentará um ganho nas baixas frequências, proporcional ao número de elementos empilhados. É o resultado do acoplamento acústico.

Faça arranjos com caixas que sejam projetadas para este fim (uso em arranjos). As interações podem prejudicar bastante a resposta de um sistema.

Atente ao posicionamento do sistema. Reflexões em paredes e tetos devem ser evitadas. Há limites para compensações no sistema, principalmente quando os problemas são físicos e não eletro-acústicos.

Os filtros utilizados nos crossovers são recursos muito úteis na otimização de um sistema. Devemos ficar atentos quanto aos parâmetros já que o ajuste de fase na região de crossover é o resultado da combinação das respostas mecânica, acústica e elétrica do sistema. O fato de se utilizar um filtro em uma determinada frequência não garante que o transdutor irá reproduzir exatamente esta faixa. Pode-se fazer um filtro passa altas em 100Hz, por exemplo, e ao se efetuar a medição observar uma resposta a partir de 70 ou 140Hz. Este então é o crossover acústico e não o elétrico. Ambos devem ser considerados na otimização do sistema. O tipo de filtro e seu slope (inclinação por oitava) também irão alterar o resultado.

Os ajustes dos níveis são muito importantes para compor a resposta e a estrutura de ganhos do sistema. Principalmente por que os medidores dos gerenciadores digitais apresentam os níveis em escalas distintas. Alguns apresentam em dBu e outros em dBFS. Importante entender como cada escala opera para que sejam feitos os ajustes e leituras corretas.

Depois de ajustados, os níveis não devem ser alterados. Ao se alterar o nível de uma determinada via, automaticamente, altera-se o ponto de corte do crossover e por consequência muda-se a fase neste ponto. Neste caso o ajuste de fase precisa ser refeito.

O microfone do sistema de medição deve ser posicionado no campo próximo e antes da distância crítica. Assim o som direto será maior que o indireto e a medição ficará mais precisa. Uma das técnicas de posicionamento do microfone considera um comprimento de onda da menor frequência que a caixa acústica reproduz, sempre antes da distância crítica. Outra forma de se posicionar o microfone é considerando a altura da caixa acústica. Posicione o microfone algo em torno de 2 a 3 vezes a altura ou largura da caixa acústica ou arranjo. Considere a dimensão maior.

 

Uma curiosidade: Já me perguntaram algumas vezes sobre qual é o atraso de tempo gerado pelos cabos de áudio em um sistema. Ou seja, cabos longos geram atrasos maiores que cabos curtos ?

Isto não procede.

O fluxo de corrente elétrica em um cabo possui velocidade similar a velocidade da luz, algo em torno de 300.000.000m/s. É, praticamente, instantâneo o tráfego. Assim sendo, o tamanho do cabo não interfere no tempo de transmissão do sinal. O que pode causar os atrasos são os filtros, as latências dos equipamentos digitais e a variação do parâmetro de controle de tempo destes equipamentos.

E, finalmente, podemos nos perguntar;

Quanto tempo é necessário para se fazer um alinhamento ?

Geralmente o tempo disponível, de minutos até dias.

Bons sons e um abraço,

 

Sobre Denio Costa

Denio Costa é diretor da empresa de projetos DGC Áudio, Vídeo e Acústica e da escola de audio: Núcleo de Formação Profissional - NFP. Elabora projetos e presta serviço de otimização de sistemas de áudio. Consultor da Attack do Brasil. www.dgcaudio.com.br deniocosta@dgcaudio.com.br projetos@dgcaudio.com.br

Confira também

Compressão de potência – Parte 2

Continuamos com a segunda parte do post, se você não viu a primeira CLIQUE AQUI

3 comentários

  1. Dénio Costa, como sempre simples e elucidativo.

  2. Obrigado mestre Denio

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